Vincent van Gogh, Autorretrato, 1889 |
terça-feira, junho 23, 2020
Não, não é uma "selfie"...
quarta-feira, junho 17, 2020
Concerto Improvisado para uma Natureza Morta
quarta-feira, junho 10, 2020
«Camões e a Arte do Desconfinamento»
Camões na prisão de Goa [pintura anónima de 1556] |
domingo, junho 07, 2020
Olhos nos Olhos, em Tempo de Máscaras - II
Modigliani, Alice, 1918 [pormenor] |
Quantas vezes já ouviste afirmar que os olhos são “a janela da alma” ou “o espelho da alma”, querendo com isto dizer que o nosso olhar comunica de forma muito poderosa, revelando as nossas emoções, o nosso estado de espírito, os nosso segredos, ou seja, o que verdadeiramente mora no interior de cada um de nós?
Ora, respondendo à nossa proposta de criação de uma história que narrasse a importância do primeiro encontro com os olhos de alguém [ver post anterior], surgiram textos espantosos e bem diferentes:
"Lá estávamos nós, mais duas almas perdidas, com os olhos escurecidos pelos nossos mundos de solidão…
Encontrámo-nos por acaso e, como as duas pedras pioneiras do fogo, fizemos faísca. Logo surgiu uma chama dentro de nós, que dava cor e luz aos nossos olhos e mundos feitos de negrume. Porém, enquanto a minha chama ia crescendo, a tua ia desvanecendo e os teus olhos ficando mais e mais escuros.
Foi naquela noite, quando a tua escuridão clareou tudo, que a minha chama sucumbiu à tempestade da tristeza e da mágoa e, separados, seguimos para os nossos novos mundos negros."
L. M.
"Ela, uma simples rapariga, baixa, de cabelo castanho-claro aos caracóis e olhos cor das folhas no outono, olhava para os olhos dele, azuis e verdes, com listras amarelas.
Ela via nos olhos dele o mar, já ele via nos olhos dela uma tarde nos montes do Alentejo. E talvez os dois imaginassem um futuro juntos, mas, na verdade, naquele momento, os dois só viam os pés enterrados na areia da praia e sentiam um vento que, talvez, a pouco e pouco, se tornasse aconchegante."
A. A.
"Naquela tarde de primavera, estava a andar num parque, perto de um rio, quando subitamente me deparei contigo. Estavas a ler um livro e fingiste não me ver, mas, quando me alvejaste com teus olhos cor de mel, o tempo parecia ter congelado, e dei por mim perdido no teu olhar profundo, suave e tentador, que despertou de volta o amor que eu pensara já ter enterrado.
Hoje, ainda sonho contigo e com o teu olhar, o olhar que me inspira todos os dias."
R. C.
"Já tinham olhado um para o outro. Ele já tinha reparado nos olhos azuis dela e ela já tinha reparado nos olhos cor de avelã dele. Agora, faziam de tudo para evitar olharem um para o outro, mas não conseguiam parar de observar a beleza de um e de outro.
Passara meia hora de troca de olhares e sorrisos corados, até que ela se levantou, disse adeus à senhora do balcão e se dirigiu para a saída. O sino tocou mostrando que a porta se abrira e, de repente, ele pôs-se à frente da porta. Gaguejou, mas faltou-lhe coragem e acabou por dizer: “Senhoras primeiro”..."
J. M.
"Era uma tarde de verão como todas as outras. Sol a brilhar, pássaros a cantar, para à noite vir um luminoso e lindo luar.
Estava a passear quando passei pelo café e vi uma rapariga sentada. Tinha longos cabelos loiros e um vestido amarelo a condizer. Era um pouco mais baixa do que eu e mais bonita também. O que captou, porém, a minha atenção foram os seus olhos. Eram uns olhos simpáticos e sonhadores, cor de avelã. Lembravam-me folhas do outono, grandes e brilhantes, salpicadas de orvalho. Mas como uma folha de outono voa, também ela voou para longe, sem deixar rasto."
G. F
"Era sábado, as malas estavam prontas e aquele era o dia em que finalmente ia conhecer o meu primo que já tinha 2 anos e eu ainda só tinha visto por telemóvel. Como vivemos em cidades diferentes, tivemos que ir até lá. Demorou um pouco, mas por fim chegámos onde desejávamos.
Estavam todos à nossa espera, mas quando cheguei só pude ver o seu cabelo loiro escuro e os seus olhos. Estes eram simples, comuns, castanhos, nem muito claros nem muito escuros, mas ao mesmo tempo eram tão diferentes, tão especiais e hipnotizantes que ninguém conseguia desviar o olhar."
E. A.
"Era uma tarde normal quando a vi e o meu coração parou: ela tinha o cabelo loiro e curto, umas bochechas fofas e uns olhos azuis, como um mar infinito e divino onde eu gostaria de velejar. Não parei de olhar para os seus olhos, queria parar para não parecer estranho, mas a minha paixão impediu-me de desviar o olhar. Queria falar com ela para poder contemplá-la por mais tempo, porém, por causa da minha timidez, não avancei e nunca mais a vi."
G. C.
MUITOS PARABÉNS A TODOS!
quinta-feira, junho 04, 2020
Olhos nos Olhos, em Tempo de Máscaras
Modigliani, Alice, 1918 [pormenor] |
Quantas vezes já ouviste afirmar que os olhos são “a janela da alma” ou “o espelho da alma”, querendo com isto dizer que o nosso olhar comunica de forma muito poderosa, revelando as nossas emoções, o nosso estado de espírito, os nosso segredos, ou seja, o que verdadeiramente mora no interior de cada um de nós?
Imagina, agora, que te pediam que criasses uma história, com 80 a 100 palavras, na qual narrasses o primeiro encontro com alguém de cujos olhos gostes muito...
A Eduarda, destemida, contou-nos uma história deliciosa:
Ele andava sempre a observar-me, eu sentia... Ignorei.
Semanas, meses passavam, e todos os dias sentia aqueles olhos presos em mim, não sendo eu a única a reparar. Lembro-me de me dizerem para fazer alguma coisa, que aquilo já se tornara assustador. Mas, com o passar do tempo, fui-me habituando e, sinceramente, até gostava daquela pequena atenção.
Um dia, no entanto, decidi que bastava e olhei-o nos olhos. Duas safiras brilhantes fitavam-me. Perdi a noção do tempo e desviei o olhar por um segundo. Quando me voltei, ele tinha desaparecido.
Não me lembro de mais nada desse dia...
A Lara, por sua vez, encantou-nos com esta maravilha:
Estávamos numa noite quente de verão quando, pela primeira vez, me deparei com o teu olhar e tudo parou. Talvez me tenha perdido nele, porém acho que só nele me encontrei. Entreguei-me ao teu intenso azul, nos olhos de cristal tímido, por segundos, supostamente. No entanto, bastou desviar o olhar e, como uma brisa, desapareceste.
Só sei que me sentia segura, que me sentia eu. Via o melhor de mim refletido na imensidão do teu azul. Passaram anos e, até hoje, nunca me esqueci daqueles olhos azuis.
E o David, muito corajoso, surpreendeu-nos assim:
A minha bisavó, a Vovina, é uma força da Natureza. Viveu uma vida de sonho entre Coimbra, África e Alentejo. Dona duma loja de decoração, catequista, excelente cozinheira, sempre pronta a receber a família toda. Conduzia, nadava, cuidava da sua horta e ainda tinha tempo para ler!
Teve um linfoma ao qual milagrosamente sobreviveu! Depois foi para um Lar. Quando a visitávamos, confundia os nomes de todos, menos o meu! Tenho saudades dela, mas tenho a certeza de que no nosso primeiro encontro, após a pandemia, os seus olhos pequenos e sinceros vão brilhar ao reconhecer-me, dizendo: “O meu David!”.
O Santiago, com muita originalidade, escreveu:
Isto é estranho... Onde é que eu estou?! Como é que vim aqui parar?!
É lindo: uma praia de águas cristalinas como diamante e areias finas e brancas. Grandes palmeiras com grandes folhas verdes e da areia começam a sair pequenos caranguejos vermelhos. De repente, torna-se noite, uma noite bem escura, e começo a ouvir uma voz longínqua que diz: “Estás bem?!”.
De um momento para o outro, encontro-me num “shopping” com uma rapariga desconhecida mas muito bonita, que me olha fixamente com os seus lindos olhos sorridentes e me diz que paralisei durante uns segundos quando começámos a conversar...
Agora, partilha connosco uma história criada por ti!
Já sabes que a deves enviar para:
Ficamos à espera do teu texto...