terça-feira, abril 20, 2021

«88 PALAVRAS PARA CONTAR UMA HISTÓRIA DE CORAGEM»

 





Teresa Calçada, Comissária do Plano Nacional de Leitura, afirmava há dias que "participar é vencer". 


Esta afirmação adequa-se, na perfeição, aos muitos e corajosos participantes no nosso Desafio de Escrita Criativa deste ano. 

A tarefa era árdua: contar, a partir de uma imagem, uma História de Coragem em 88 Palavras, não podendo  nenhuma delas conter nem a letra "C" nem a letra "G".


Iniciamos hoje a divulgação de alguns dos fantásticos textos que nos chegaram.










Ela sentia-se sozinha. Ela estava sozinha. E apenas porque ser "fixe" não era o seu forte. Por isso distraía-se a ler um livro ou a ouvir o vento soprando nas árvores. Os pais estavam sempre a pedir-lhe que falasse sobre isso, pedisse ajuda. Nunca o fizera. 

Assim, anos a fio, manteve-se sozinha…

Até que um dia, suspeitando que não era assim tão diferente de todos os outros, levantou os olhos, aproximou-se de um aluno da turma e, levada por uma bravura que não sabia que tinha, disse:

- Olá!


T. M. | 8.º B














Aqui estão eles: lados opostos, sentimentos semelhantes. Absorvidos pelo mundo, sem outra pessoa para os entender. 

Talvez seja desilusão, talvez queiram “um tempo para pensar”, mas no final foram parar ao mesmo sítio, sozinhos, desolados, sem aquele belo ditado "Um por todos e todos por um".

Aqui estão, apenas eles, a exporem as suas almas nuas ao mundo e a tentarem entender o sentido das suas vidas, talvez uma tentativa em vão.

"A minha alma estará viva pelo teu amor." Que estes sejam os seus mais humanos pensamentos!



E. A. | 9.º A


















Sob o olhar atento e afastado das montanhas desanimadas 

que no horizonte pairam,

numa pequena ilha reside o estado desta triste humanidade.

Dois seres, de ombros voltados, prostrados realizam

não haver por que defender a diversidade.

 

Mas eis que, no meio da ilha, vemos uma árvore.

Ah! Que de verde latejante aflore…

Porque, nela, reside o amanhã da humanidade desunida,

que anseia aproximar-se e dar valor à vida.

 

Separados, os dois estavam,

mas juntos persistem.

E as montanhas, que ao fundo assistem,

            ao verde da árvore se juntaram.



L. C. | Docente de História

















Uma pálida lua espelhada no rio fazia brilhar o pelo do lobo. Homens famintos de exibirem os seus feitos ansiavam por aquele belo pelo e o de toda a sua família nevada. 

Naquela noite fria, dissimulados na sombra, investiram sobre ele que, sem defesa, ainda resistiu e se afastou o mais possível para salvar os filhotes. Talvez ele fosse só ele, mas ele também era a sua família toda. 

Esta talvez seja apenas uma história infantil, mas este lobo podia ser qualquer um de nós de qualquer maneira.


A. C. | 9.º A















Sempre que vou lá ao fundo, no monte, sinto que as pombas me dão um sinal. Um sinal para ir em frente, não desistir! Para não pensar nos meus passados mais dolorosos e enfrentar o que me espera, no futuro. Para, quando o medo me envolver, eu me desafiar a mim mesma…

Elas inspiram-me, transmitem-me a liberdade do seu voo, a harmonia das suas penas alvas e reluzentes.

Que a luz do sol, quente e protetora, me ilumine e me empurre para o anónimo destino que me espera.


F. L. | 5.º A





















As nuvens têm muitas formas. Vezes há em que lhes damos um feitio diferente, o feitio daquilo que sentimos quando queremos preservar uma memória, ultrapassar um desafio impossível.

Por vezes, essas nuvens dissipam-se, sem deixar rasto. Diríamos mesmo que o pintor nunca as pôs lá, deixando apenas um quadro azul. Todavia, se apurarmos o olhar, nele podemos ver pintinhas níveas, que saberão tornar-se nuvens deslumbrantes, de tamanho surreal, prontas a envolverem o (nosso) mundo inteiro. 

E nada nos impede de olhar bem para o alto e vê-las voar.


G. F. | 9.º A





















Libertei-me do vírus 


Durante o período em que estivemos isolados, houve um episódio que me assustou.

O meu pai foi internado sem estarmos à espera, devido ao maldito vírus. Foram muitos dias assustadores, pois eu não podia estar ao seu lado.

Ele esteve a levar O2 nos pulmões devido à pneumonia e o estado dele não era muito favorável...

Felizmente, tudo terminou bem. O meu pai voltou para perto de nós, e eu aprendi a dar mais valor à vida e à nossa família toda junta e feliz!


M. A. | 5.º D























Naquele ano, a senhora que nenhuma pessoa antes vira, sentindo a idade a pesar e lembrando as memórias que mantinha dos seus passeios de jovem, resolvera voltar a subir os montes que pela primeira vez subira ao lado do pai, que já há muito perdera. 

A senhora, levada por uma qualquer bravura, subiu os montes, movida pela ansiedade de voltar a viver os momentos felizes da jovem que fora. 

As estrelas já se faziam luz, as aves passavam à sua frente, sombrias, restando apenas ela e a Lua.


M. R. | 9.º A





















A natureza da vida


Naquele esplêndido dia primaveril, questionei-me: “De que é feita a nossa amizade?”

Éramos tão próximos, felizes, apaixonados. Toda a luz, que existia na nossa bela união, tornava-se mais robusta. 

Quiseste, todavia, partir sem deixar rasto e há raro tempo pairava sobre mim uma nuvem tristonha. Milhares de questões ambulavam nessa balbúrdia, a todo o instante, árdua e deveras venenosa para mim. Por fim, fez-me entender que não valeria a pena persistir para interpretar os atos do passado, mas sim para reflorir e viver.


I. P. | 8.º B





















O Lobo Solitário


Um lobo vivia feliz junto dos seus pais.
Quando o mundo foi surpreendido por uma pandemia, tinha que se respeitar as medidas que o Estado impôs. Mas o lobo não as respeitava…
Um dia, os pais foram fazer o teste, porque tinham sintomas, e o resultado foi positivo. Os sintomas aumentaram e foram internados.
O lobo não os podia visitar e, passados uns dias, eles morreram.
Ele passou o resto da sua vida sozinho, triste e a pensar no mal que fizera aos seus pais.


J. G. | 5.º A





















Desde que esta pandemia se alastrou que nos dividiu a todos para o seu lado da árvore da vida.
Presumo e vou presumir que, quando isto terminar, vamos estar juntos de novo. 
Nada pode impedir de tentarmos e mesmo assim falharmos e tentarmos de novo para obtermos o que queremos, pelo que devemos fazer sempre sem parar e sem desistir.
Se houver qualquer problema que estorve, não faz mal, pois estamos todos juntos, mesmo que estejamos todos afastados. 

Por isso, vamos lá, equipa, vamos terminar isto todos juntos!


V. B. | 5.º A



















IRMÃOS


 - Por que razão queres ir para lá?! Jamais sairás desse inferno vivo!

- Não tenho outra hipótese. Prometi-lhe que jamais o deixaria para trás. Foi neste mesmo monte que ele me disse que sempre fui um fiel aliado durante a vida dele e que jamais me abandonaria. Eu disse o mesmo e prometi o mesmo. Ele sempre me ajudou. E neste momento é a minha vez de o ajudar.

- Mas não te arrisques demasiado, promete-me!

- Não te inquietes. Voltarei, e ele também, mesmo que o destino não queira. 


S. G. | 9.º A

















Havia uma menina que adorava ir a um monte onde se sentia muito feliz. Essa menina sempre tivera o desejo de voar à volta do monte e ver tudo mais de perto.
Num dia em que lá estava, voavam dois pássaros e um deles questionou-a:
- Queres vir dar uma volta?
A menina, muito admirada e bastante animada, respondeu:
- Sim, adorava, é o meu maior sonho!
A menina subiu para o pássaro, realizando o seu desejo. Terminaram aquele passeio de sonho pousando numa linda árvore, no topo do monte.


B. Q. | 5.º D

















O susto


Um belo lobo estava a olhar para a lua pois assumia que no próximo dia ia transformar-se num ser assustador, um ser humano. Ele odiava ser um homem pois assim poderia ser mais um infetado.
Quando foi à aldeia, reparou que não existia nenhuma pessoa. Ele estava sozinho, abandonado. Pensou que assim estaria melhor.
Saltou e fez o que quis. Mas, passadas vinte e seis horas, sentiu uma enorme solidão… Então disse:
- Mas que fiz eu para viver assim?
De repente, saltaram de todos os lados.


C. F. | 5.º A


















O Vírus Mortal


Há muitos anos existiu uma pandemia devido a um vírus mortal.
Uma senhora de noventa anos apanhou esse vírus e foi parar ao hospital. Todos pensavam que ela ia morrer.
Durante um mês ela não respondeu, mas depois despertou e todas as pessoas tiveram fé.
Foram dois meses dolorosos porque a idosa teve de fazer fisioterapia e isso era-lhe muito penoso. Ela demorou bastante tempo a melhorar e teve de passar várias etapas. Uma etapa foi desenvolver o paladar.
Esta história demonstra o poder humano. 


L. A. | 5.º D




















Os Sobreviventes


Bernardo despertou sentindo-se molhado.
“Foi um pesadelo!” - pensou. Viu que não… Estava sozinho numa ilha, sua traineira tinha afundado. Andava a trabalhar para alimentar a família e levantou-se a tempestade. À deriva, numa tábua, repousou. 
“Tenho que sair daqui!” Levantou-se, entrou selva adentro, disposto a arranjar maneira de voltar para o seu lar. Avistou uma palhota. Muito apavorado foi em frente. Viu um velhote desanimado, mas que lhe abriu um sorriso.
Houve empatia, falaram muito, manifestou-se uma amizade. 
“- Ânimo!!! Bravura!!!” – berraram, fervorosos.
Montaram um barquito... lá foram eles...


A. D. | 5.º A





















Tristes e estranhos tempos os atuais em que temos de nos afastar de quem queríamos ter por perto, em que temos de nos afastar de quem mais admiramos na nossa vida, assemelhando- -se quase a uma despedida de quem vai e não volta.

Aparentemente há uma barreira, bem estruturada, que não nos deixa voltar atrás no tempo, nem falar, nem sorrir, nem dizer que sentimos saudades ou que estamos tristes. Aparentando estar tão perto, está tão distante, essa barreira, esse monstro de que nenhuma pessoa sabe ainda o nome. 

A. A. | 9.º A

















Os sobreviventes


Numa aldeia, um vírus fatal matou muitas pessoas. 

Foi alertado o “bunker” militar que, de imediato, enviou um avião para encontrar sobreviventes. Quando entraram na aldeia, viram uma pessoa empoleirada numa árvore muito alta. Imediatamente atiraram um fio forte e prenderam-no nessa pessoa. De repente, um militar saltou para salvar aquela pessoa que se tinha desequilibrado e estava em apuros. O militar apertou-lhe a mão e puxou-a para dentro do avião. No final, todos se sentiam a salvo.

Esta foi a história de uma grande aventura!


J. V. | 5.º D
















2 comentários:

  1. Anónimo01:59

    Belo desafio, sem dúvida! Lançá-lo, também foi uma história de coragem! Valeu a pena!
    Maravilhosas, as fontes de inspiração!
    Lindas, as histórias!
    Em tempos de pandemia, as "cordas" da sensibilidade soam ainda mais afinadas!

    Parabéns a todos!

    Ascensão Peixoto

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  2. A equipa da biblioteca, acreditando, com isso, dar voz a todos os participantes, agradece estas lindas palavras!

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