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Aprender a «Ouvir o Olhar»

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  Rapariga com brinco de pérola ,  Vermeer | POA Estudio Quando, no atual contexto de máscaras e medos, mudanças e distâncias, os alunos são convidados a refletir sobre a enorme importância de saudavelmente aprendermos todos a “ ouvir o olhar ” dos outros (apropriando-nos das prodigiosas palavras de Fernando Pessoa), os resultados são surpreendentes e dignos de registo…   Aqui ficam apenas alguns exemplos, hoje, Dia Internacional das Bibliotecas Escolares, lembrando-nos a todos que estes novos tempos que vivemos nos exigem, cada vez mais, que sejamos bons leitores do mundo. «Uns tempos antes do início das aulas, corriam rumores de que seria obrigatório o uso de máscara. Diziam que teríamos de a utilizar sempre, a não ser que estivéssemos a comer… Questionei-me a mim mesmo sobre como é que conseguiria ler as expressões faciais dos meus professores, sabendo que a máscara ocupa a cara toda, menos os olhos. Estes rumores chegaram à minha avó que me disse, sábia e tranquilame...

"O que hoje não sabemos, amanhã saberemos" (Garcia de Orta, 1563)

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Museu da Farmácia (Lisboa) | Pedro Loureiro Máscara da Peste Negra «No século XIV, a Europa conheceu uma das doenças que mais marcou a história da humanidade, afetando milhões de pessoas em todo o continente: a peste negra.  A peste negra, numa primeira fase, era transmitida através dos ratos e das pulgas infetadas, que propagavam a doença quando entravam em contacto com os seres humanos. Numa segunda fase, passa a ser transmitida por espirros e tosse, o que potenciou a sua capacidade de transmissão, levando esta pandemia a dezenas de milhões de pessoas, ao redor do mundo.  Embora a primeira pandemia da peste negra na Europa date do século XIV, será apenas no século XVII que um médico francês, Charles de Lorme, vai criar um traje para o médico da peste negra. Esta peça de vestuário caracterizava-se por um manto preto, que cobria todo o corpo de forma a proteger aqueles que o vestissem. A cabeça era coberta com uma máscara negra que tinha a particularidade de ter um bico no qua...

GRETA THUNBERG vence Prémio Gulbenkian para a Humanidade

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Fotografia de M. Wilson «A jovem ativista sueca Greta Thunberg venceu o Prémio Gulbenkian para a Humanidade , no valor de um milhão de euros, que quer distinguir projetos inovadores dedicados às alterações climáticas . É a primeira edição de uma distinção que quer recompensar “ novas ideias que contribuam para melhorar o futuro do planeta ”. Este ano, na sua primeira edição, o prémio é dedicado às alterações climáticas. Foram recebidas 136 candidaturas. Greta Thunberg deverá viajar até Lisboa para a cerimónia oficial de entrega deste prémio que, ao contrário de outros que lhe foram atribuídos antes, aceitou receber. Num vídeo gravado, a jovem sueca agradeceu o prémio e anunciou que o milhão de euros será doado, através da fundação com o seu nome, a diferentes organizações e projetos que tentam neste momento dar resposta à crise climática e ecológica. São ações, disse ainda, que “lutam por um mundo sustentável e para proteger o mundo natural”. De acordo com um comunicado da Gulbenki...

Não, não é uma "selfie"...

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Vincent van Gogh, Autorretrato , 1889 No final de um ano letivo tão estranho e exigente, corajosos alunos, inspirados pelo célebre texto poético   "Magro, de olhos azuis, carão moreno"   , famoso autorretrato de Bocage , aceitaram o desafio que lhes foi lançado de arriscarem, eles próprios, criar o seu autorretrato.  Sabiam bem que o exercício de mergulhar no espelho em que nos vemos e descobrir o que sentimos sobre nós próprios seria muito mais exigente e trabalhoso do que fazer uma "selfie"...  Destemidos, mergulharam e os resultados falam por si... Jovem, magra, de alta estatura, muito desconfiada e impaciente, o que não lhe falta é altura nem a alegria que sempre sente. De nariz médio e pele escura, possui uns bons lábios carnudos, dona de uma (mais ou menos) elegante figura, olhos pequenos, amendoados e pestanudos. Amedrontada, mas muito esperançosa, é portadora de grande vaidade, diferente, mas bastante feliz, no fulgor da sua tenra idade.       ...

Concerto Improvisado para uma Natureza Morta

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Para homenagear as vítimas dos incêndios em Portugal , o « Requiem à Floresta Portuguesa» , gravado em 2018, tem agora um vídeo, gravado no coração da tragédia. O projeto da compositora checa  Martina Vídenová  contou com a colaboração de elementos da  Orquestra Sinfónica  e do  Coro da Casa da Música . A cena passa-se no Pinhal de Leiria, um ano depois dos grandes incêndios de Pedrógão Grande. No filme, a preto e branco, os troncos queimados ainda intactos servem de cenário a um concerto improvisado para uma natureza morta. “ O Requiem é uma missa para os mortos, normalmente tocada num contexto de um funeral. Com esta forma, queria dizer que as florestas nativas portuguesas estão a morrer e não podemos ignorar isso. Depois da grande perda de vidas humanas em 2017, quis também dedicar a música às vítimas, para honrar a sua memória ”, explica  Martina Vídenová . Fonte: JN

«Camões e a Arte do Desconfinamento»

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Camões na prisão de Goa [pintura anónima de 1556] O Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas 2020 , o Cardeal D. José Tolentino de Mendonça, proferiu hoje, dia 10 de junho , um discurso a todos os níveis memorável. Com a devida vénia, transcrevemos aqui um belíssimo excerto desse discurso brilhante e inspirador: Camões e a arte do desconfinamento "Pensemos no contributo de Camões. Camões não nos deu só o poema. Se quisermos ser precisos, Camões deixou-nos em herança a poesia. Se, à distância destes quase quinhentos anos, continuamos a evocar coletivamente o seu nome, não é apenas porque nos ofereceu, em concreto, o mais extraordinário mapa mental do Portugal do seu tempo, mas também porque iniciou um inteiro povo nessa inultrapassável ciência de navegação interior que é a poesia. A poesia é um guia náutico perpétuo; é um tratado de marinhagem para a experiência oceânica que fazemos da vida; é uma cosmograf...

Olhos nos Olhos, em Tempo de Máscaras - II

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Modigliani, Alice , 1918 [pormenor] Quantas vezes já ouviste afirmar que os olhos são “a janela da alma” ou “o espelho da alma”, querendo com isto dizer que o nosso olhar comunica de forma muito poderosa, revelando as nossas emoções, o nosso estado de espírito, os nosso segredos, ou seja, o que verdadeiramente mora no interior de cada um de nós? Ora, respondendo à nossa proposta de criação de uma história que narrasse a importância do primeiro encontro com os olhos de alguém [ver post anterior ], surgiram textos espantosos e bem diferentes: "Lá estávamos nós, mais duas almas perdidas, com os olhos escurecidos pelos nossos mundos de solidão… Encontrámo-nos por acaso e, como as duas pedras pioneiras do fogo, fizemos faísca. Logo surgiu uma chama dentro de nós, que dava cor e luz aos nossos olhos e mundos feitos de negrume. Porém, enquanto a minha chama ia crescendo, a tua ia desvanecendo e os teus olhos ficando mais e mais escuros. Foi naquela noite, quando a tua escuridão clareo...